Descubra a diferença entre piso bold e retificado, qual a argamassa certa e outros detalhes para a sua obra
O universo dos revestimentos é muito técnico e complexo – há muita informação que você precisa saber antes de iniciar um projeto. E é comum se sentir inseguro e sem saber por onde começar no meio de um turbilhão de coisas que é preciso resolver quando se tem uma obra! Por vivenciar essas situações com bastante frequência, reuni dicas básicas que você precisa saber antes de comprar os revestimentos e prevenir problemas na sua reforma.
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1. Faça um planejamento
Qualquer ação que tomamos na nossa vida tem que ser planejada, ou pelo menos deveria ser, não é mesmo? A hora da compra dos revestimentos não pode ser diferente. Uma situação que sempre vejo acontecer é o cliente contratar a mão de obra, agendar o dia da instalação dos materiais e entrar no desespero porque ainda não comprou nada do que vai ser instalado.
É nesse momento que começa a verdadeira corrida contra o tempo e acabam comprando tudo a pronta-entrega ou com o menor prazo possível para não deixar o pedreiro parado, com risco de atrasar a obra. Geralmente os materiais mais específicos e personalizados não são encontrados facilmente a pronta-entrega. Dependendo do material e fornecedor, o prazo varia de 7 a 120 dias. Então planeje-se! Lembre-se que os acabamentos são essenciais para personalizar o seu projeto e deixá-lo da forma que sempre sonhou.+
2. Contrate uma boa, ou melhor… uma excelente mão de obra!
Não adianta investir em revestimentos de boa qualidade se o seu pedreiro não souber instalar. Nem sempre aquele profissional que “faz tudo” é uma boa opção. Em uma obra, muitos materiais precisam de uma pessoa especializada para a instalação, como cimento queimado, pisos vinílicos, pastilhas, porcelanatos de grandes formatos, etc. Peça indicações de amigos que já executaram obras ou contrate empresas indicadas pelo profissional que fez seu projeto e que vai gerenciar a sua obra.
3. Entenda a diferença de um piso BOLD e RETIFICADO
Bold: são os porcelanatos ou cerâmicos com borda arredondada. Na instalação de produtos bold é necessário deixar um espaçamento de 3 a 8 mm entre uma peça e outra, dependendo do modelo comprado.
Retificado: são porcelanatos ou cerâmicos com borda reta. Depois de produzido, este material é cortado com alto grau de precisão. É o tipo mais utilizado atualmente, pois o rejunte fica com espaçamento de 1 a 2 mm – quase imperceptível!
Muitas pessoas querem um porcelanato com junta seca e acabam instalando o piso sem espaçamento nenhum. Se não for uma recomendação do fabricante, isso pode gerar problemas na obra.
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4. Identifique as texturas dos porcelanatos
Dependendo do ambiente que você irá aplicar o piso, é de suma importância escolher o porcelanato correto. Explico quais são os mais utilizados:
Porcelanato mate: é uma forte tendência na decoração atual. Não possui brilho, podendo ser utilizado em todos os ambientes internos.
Porcelanato polido: tem a superfície lisa e brilhante. Indicado para áreas internas, como salas, quartos, corredores e cozinhas. Fique atento ao revestir áreas molhadas, como banheiros. Eles são mais escorregadios.
Porcelanato com textura rústica: tem superfície antiderrapante. É indicado para os ambientes externos, descobertos e com contato direto com água, como áreas com piscina, garagens, rampas, calçadas e escadarias.
Dica: é importante ficar atento à textura na hora da compra, pois os nomes são praticamente iguais. A diferença está na sigla, conforme exemplificado abaixo em um piso da Portinari:
Porcelanato VENEZIA OFW NAT (porcelanato sem brilho)
Porcelanato VENEZIA OFW POL (porcelanato polido)
Porcelanato VENEZIA OFW HARD (porcelanato rústico para áreas externas)
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5. Conheça as variações de cores
Preste atenção ao comprar: todos os porcelanatos tem uma classificação (V1, V2, V3 ou V4), indicando a variação de tonalidade.
V1 = Variação uniforme. A diferença entre as peças é bem sutil.
V2 = Variação leve. As peças tem uma pequena variação de tonalidade.
V3 = Variação moderada. As peças tem variações de estampas em uma mesma caixa, mas as nuances são bem parecidas, proporcionando um aspecto natural ao seu ambiente.
V4 = Variação aleatória. Essa classificação é o máximo de variação que um piso pode ter. Materiais com esse tipo de especificação, podem ter uma peça completamente diferente da outra.
Dica: antes de comprar um piso ou revestimento que tenha variação V3 ou V4, é importante pedir para o vendedor mostrar mais de uma peça ou fotos, para que você tenha uma noção das diferenças entre eles.
6. Calcule a margem de perda
Sabemos que na hora de calcular a margem de perda do piso e revestimento, sempre vem a sensação de que vai sobrar um monte de material e o seu dinheiro será desperdiçado, não é mesmo? Não pense assim. Comprar uma pequena quantidade a mais pode te livrar de grandes problemas. Veja alguns exemplos:
Faltar piso na hora do assentamento e não ter mais estoque do produto no mesmo lote.
O que isso significa? Corre-se o risco do complemento vir com uma tonalidade diferente do que já está assentado, ou até mesmo com a bitola diferente, que é uma pequena diferença no formato da peça.
Necessidade de fazer alguma manutenção futura e o piso ter saído de linha
Como existe uma grande variedade de pisos no mercado, é comum eles saírem de linha. E só quem passou pela situação de faltar material na obra sabe bem o que é viver em desespero, não é mesmo? A norma NBR981/87 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) diz que deve ser previsto uma margem de sobra de 5% a 10% em todos os tipos de revestimentos. Mas quando tratamos de grandes formatos, a partir de 80×80 cm, os 10% muitas vezes não são suficientes.
Peças de grandes formatos aumentam a probabilidade de perdas na hora do recorte. E falo isso por experiência própria: em quase todas as vezes em que calculei 10% para grandes formatos, faltou material. Então o mais indicado é sempre verificar a quantidade de peças que serão necessárias para revestir a área, através de uma paginação, fazendo um estudo prévio dos recortes, ou considerar 15% de perda em grandes formatos. Para pequenos formatos, como pastilhas e azulejos, os 10% são suficientes.
7. Escolha a argamassa certa
Argamassa especificada de maneira errada causa muitos problemas! Existem diversos tipos, mas de modo geral as mais usadas são a ACI, ACII e ACIII.
ACI é recomendada para assentar revestimentos cerâmicos de pequenos formatos para áreas internas;
ACII para assentamento de revestimentos com formato de até 80×80;
ACIII para assentar os de grandes formatos.
Todas as fábricas de argamassas tem suas recomendações e restrições. Existem tipos ACII que podem ser aplicadas em áreas externas e outras não, por exemplo.
A argamassa ACIII da MC Bauchemie, por exemplo, permite assentamento de peças de grandes formatos de até 150×150 e tem marcas que permitem até 100×100 ou 120×120. Por isso é imprescindível olhar a especificação da argamassa e fazer a compra de acordo com a sua necessidade, evitando problemas futuros.
Esse é o meu 2º texto para minha coluna na Casa Vogue. Vou abordar bastante assuntos técnicos para ajudar vocês!
Tem algum assunto que você tem dúvidas e gostaria que eu escrevesse? Deixa nos comentários ou me mande um e-mail para: Contato@revestindoacasa.com.br
Bjos!