Assim como tudo que temos hoje dentro de nossos lares, nenhum item, seja ele funcional ou decorativo, nasceu pronto. Sabe aquele ditado “Não coloque a carroça na frente dos bois”? A evolução das formas construtivas pode se encaixar nesse dizer.
Todo mobiliário ou utensílio doméstico foi surgindo de acordo com a necessidade dos povos de cada região do mundo. O tapete, a estrela principal da nossa conversa de hoje, tem seus primeiros registros na Pérsia Antiga, 500 anos antes de Cristo, o que entra em contraste com a vida humilde das tribos nômades persas, que produziram e produzem os tapetes mais lindos e caros do mundo
Engana-se você se pensou que o tapete tinha a função unicamente de enfeitar o pavimento. A finalidade principal do tapete era a de proteger as pessoas do frio intenso durante o inverno. Os tapetes eram feitos em lã e algodão e estes tinham preços mais acessíveis a população. Para famílias mais abastadas, a seda era o material preferido, mas estes jamais eram colocados nos pisos, eram mas exibidos nas paredes como peças de arte como forma de mostrar o poder aquisitivo da família. Alguns eram tão preciosos que eram considerados moeda de troca ou deixados de herança.
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Antes da Revolução Industrial (que teve inicio em 1760) os pisos das casas eram feitos com terra batida. Esses pavimentos não tinham acabamento, o que fazia com que o piso parecesse não terminado. Hoje há materiais seladores que finalizam a técnica arcaica que consiste em uma solução de lama fortemente comprimida no solo. Para ajudar a conter a poeira que subia do piso, os tapetes mais velhos eram usados para cobrir a superfície. Este costume surgiu nas antigas casas incas do Peru e em algumas regiões da Ásia.
Usando como exemplo a produção do tapete persa, a confecção manual é o que o torna mais especial que os tapetes industrializados. Quando um tapete persa é feito por um/a único/a artesão/a, o mesmo pode levar anos para ser concluído, pois ele será manuseado por um único profissional, garantindo a qualidade e simetria dos nós. Este é um dos fatores que caracteriza o valor tão exorbitante de um tapete persa.
Eles são comparados a obras de arte e, com o passar do tempo, custam sempre mais, seja pela beleza ou pela exclusividade na estamparia.
O tempo passou, mas o tapete persa continua sendo o mais amado (e mais caro!) do mercado. Tanto no ambiente com alusão classicista, o tapete persa vai muito bem com um design mais contemporâneo ou clean. As reproduções dos originais também são bem vindas para orçamentos mais limitados. Mas, lembre-se que para um ambiente ter estilo e ser acolhedor você não precisa dispor de milhares de reais para isto ou se sentir obrigada a ter um tapete persa. Cada ambiente tem uma identidade e a escolha do tapete faz parte disto. Além de ser um unificador do conjunto do mobiliário, o tapete serve para delimitar espaço, enfeitar paredes, dar as boas-vindas, proteger o piso de cozinha durante as atividades culinárias, sair de um banho quente de banheira e etc.
Viu como o tapete virou um item indispensável em praticamente todos os cômodos da casa?
Ai vai uma dica preciosa: se pensa em incorporar um tapete a um ambiente, escolha-o depois de ter o mobiliário definido. Afinal, é mais fácil mudar um tapete do que todos os móveis e peças de arte depois, não achas? Nos conte o que você achou da matéria!
Cilla Bonfim é formada em design de interiores pela Universidade Veiga de Almeida, trabalha com modelagem 3D de produto e presta consultoria social em interiores para pessoas com baixo poder aquisitivo. Desenvolve e disponibiliza material digital gratuito para arquitetos e designers de interiores, é amante de história da arte e do classicismo contemporâneo no design.