09 janeiro 2024 
Na escolha dos revestimentos, as normas técnicas de segurança e o briefing sensorial ajudam a eliminar materiais da escolha.
Nem todo revestimento pode ser aplicado em pisos e paredes. Fique atento às orientações do fabricante (Foto: Freepik / Creative Commons)
Ainda não sabe por onde começar a especificar revestimento, por piso ou parede? Embora não exista uma regra clara, sempre indico que inicie a especificação pelo piso. Isso porque o revestimento aplicado nessa superfície precisa ser mais resistente, para suportar a circulação de pessoas e o peso do mobiliário, e atender uma série de normas técnicas que não costumam se aplicar a paredes.
Quando falamos em pisos, existem três pontos de extrema importância para garantir a segurança do projeto e dos moradores: a resistência mecânica, a porosidade e a resistência ao escorregamento.
Além de ser um aspecto fundamental para áreas molhadas e molháveis, o grau de absorção de água e a porosidade influencia diretamente na resistência mecânica daquele revestimento. Se estamos falando de um banheiro, uma cozinha, uma lavanderia, uma varanda ou um espaço comercial, conseguimos excluir vários materiais com base apenas na porosidade.
A escolha entre um piso e outro deve levar em consideração as normas de segurança e o briefing sensorial do morador (Foto: Freepik / Creative Commons)
Os porcelanatos e algumas pedras industrializadas, como o Dekton, lideram a lista de materiais menos porosos, enquanto as demais peças cerâmicas são divididas em Grês, Semi-Grês, Semi-porosos e Porosos.
- Porcelanatos: baixa absorção – resistência mecânica alta (BI a – de 0 a 0,5 %);
- Grês: baixa absorção – resistência mecânica alta (BI b – de 0,5 a 3%);
- Semi-Grês: média absorção – resistência mecânica média (BII a – de 3 a 6%);
- Semi-Porosos: alta absorção – resistência mecânica baixa (BII b – de 6 a 10%);
- Porosos: alta absorção – resistência mecânica baixa (BIII – acima de 10%).
Outro ponto que precisa ser levado em consideração na escolha do piso e pode ser ignorado em paredes é a resistência ao escorregamento. Segundo a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), um piso com melhor resistência é aquele que apresenta coeficiente de atrito maior ou igual a 0,4. Esta informação deve ser encontrada na descrição do produto. Quanto maior o coeficiente, mais áspero é o piso.
CONFIRA: COMO ESCOLHER O MELHOR REJUNTE PARA PISOS E PAREDES
Durante o Briefing Sensorial, conseguimos excluir uma série de outros pisos levando em consideração as necessidades, os sonhos, os hábitos e a cultura do morador. Se temos um lar com pets ou idosos, é necessário evitar pisos escorregadios. Com crianças, a preferência costuma ser por pisos quentes (tem capacidade de reter a temperatura do ambiente). Pessoas aficionadas por limpeza costumam preferir formatos maiores, minimizando rejuntes.
Escolhido o piso, fica muito mais fácil escolher um revestimento que combine para as paredes (Foto: Freepik / Creative Commons)
Percebe como um questionário simples pode afunilar a escolha do piso? Dessa forma, conseguimos chegar a opções de revestimentos que atendem à realidade, à segurança e à expectativa do morador. Neste caso, o piso será o ponto de partida para a escolha dos demais acabamentos, incluindo tintas, azulejos, pastilhas, ladrilhos, pedras naturais, entre outros.
Uma exceção é quando o cliente já chega para o arquiteto ou para o designer de interiores com algo muito específico em mente, como um mosaico na parede da sala ou uma parede de seixos telados no banheiro. Neste caso, não deixamos de aplicar o briefing sensorial para entender quais pisos se adequam à rotina do morador, mas sempre mantemos em mente que o piso precisará combinar com aquela parede desejada.
