Como escolher o melhor rejunte para pisos e paredes

A escolha entre rejunte cimentício, acrílico e epóxi depende do briefing sensorial do morador, do ambiente e do revestimento em questão Uma das principais dúvidas que recebo nas aulas ou nas redes sociais é “como escolher o melhor rejunte para pisos e paredes”? Gostaria que tivesse uma resposta simples, mas a realidade é que todo […]

Lilian Revestindo a Casa
Calendario 22 dezembro 2023 Lilian Revestindo a Casa
Compartilhe:

A escolha entre rejunte cimentício, acrílico e epóxi depende do briefing sensorial do morador, do ambiente e do revestimento em questão

quatro balde de rejunte e de fundo piso hexagonal branco

Para escolher o melhor rejunte para pisos e paredes, é necessário conhecer as características técnicas de cada um (Foto: Pexels / Creative Commons)

Uma das principais dúvidas que recebo nas aulas ou nas redes sociais é “como escolher o melhor rejunte para pisos e paredes”? Gostaria que tivesse uma resposta simples, mas a realidade é que todo material possui características próprias e aplicações distintas. Não gosto nem de falar em vantagens e desvantagens. 

Hoje, temos no mercado três tipos principais de rejunte: 

Cimentício: Este rejunte é feito de cimento e agregados minerais com pigmentos para acrescentar cor. De fácil aplicação, pode ser utilizado em áreas internas ou externas, mas é o mais permeável e poroso dos três, dificultando a limpeza. O acabamento acaba ficando mais áspero, afinal, ele é o mais barato. Com este rejunte, a distância recomendada entre uma peça e outra é de 3 a 10 mm. 

Acrílico: Composto por resina acrílica, cimento, agregados minerais, pigmentos, aditivos e polímeros, o rejunte tem um acabamento um pouco mais liso e um preço intermediário. A distância entre as peças, neste caso, baixa para 1 a 3 mm, ideal para quem busca um rejunte mais discreto e maior sensação de amplitude. 

Epóxi: Bi-componente à base de resina, o epóxi possui elevada resistência química e mecânica, além de ser extremamente impermeável e resistente a fungos e manchas, sendo o acabamento de melhor qualidade. Mas é preciso cuidado na aplicação do produto, já que qualquer rebarba torna necessário substituir o piso, caracterizando uma aplicação difícil. Se não for limpo na hora, dificilmente será possível retirar a marca do revestimento. O rejunte epóxi permite uma distância de menos de 3 mm entre um revestimento e outro. 

 Conhecer as características do material é o primeiro passo para especificá-lo. Contudo, a escolha dependerá sempre do briefing sensorial do morador, do ambiente de aplicação e do revestimento escolhido. 

Briefing sensorial

parede com azulejo branco e rejunte preto e vaso de planta decorativo

Os hábitos de limpeza do morador influenciam diretamente na escolha do rejunte (Foto: cotonbro / Pexels / Creative Commons)

O Briefing Sensorial é um método desenvolvido por mim onde as escolhas são baseadas nas reais necessidades, sonhos, hábitos e cultura do morador. Quando entendemos o cliente de forma profunda, conseguimos especificar de forma mais assertiva, elegendo as características técnicas que combinam com seu estilo de vida e com a estética buscada.

No quesito rejunte, algumas questões importantes são: Quão neurótico por limpeza é o cliente? Qual o nível de manutenção aceitável? Ele valoriza a praticidade? Quer investir no rejunte ou considera desimportante? Tem uma mão de obra especializada para isso ou não? 

CONFIRA: 14 IDEIAS DE REVESTIMENTOS COM REJUNTES COLORIDOS

Uma coisa é certa, o rejunte sempre irá encardir! É importante que a expectativa esteja alinhada ao cliente de forma que ele não espere algo irreal. Um rejunte epóxi oferecerá menor manutenção, mas se o morador é aficcionado por limpeza, o ideal é reduzir a quantidade de rejunte ao máximo optando por revestimentos maiores ou que possam ser instalados com juntas menores. 

Ambiente de aplicação

revestimento de pscina com rejunte branco

Áreas molhadas como piscinas requerem a aplicação de um rejunte pouco poroso (Foto:  Vlada Karpovich / Pexels / Creative Commons) 

Antes de especificar o rejunte, é importante definir se estamos tratando de uma área molhada ou molhável. Isso é um fator importante para determinar se a porosidade é ou não uma característica primordial. 

Áreas molhadas são ambientes onde a condição de uso ou a exposição a intempéries naturais poderão resultar na formação de uma lâmina de água. Este é o caso de banheiros com chuveiro, mais especificamente, dentro da área do box. Também é o caso de varandas abertas, áreas externas e piscinas. 

Já as áreas molháveis são aquelas que recebem respingos de água devido ao uso do ambiente ou à exposição a intempéries naturais, mas não o suficiente para acumular grande quantidade de água. É o caso de lavabos, cozinhas e lavanderias. Em ambos os casos, a porosidade é um fator importante, sim, na decisão. 

Essa é uma questão de segurança, pois o rejunte também tem a função de proteger a argamassa e evitar danos permanentes ao revestimento pela infiltração de água. Além disso, utilizar um revestimento poroso em áreas molhadas e molháveis é um tiro no pé quando o assunto é mofo, limo e sujeira. 

Se o morador puder investir, o rejunte epóxi é um dos mais indicados para banheiros e cozinhas. É claro que precisamos levar outros pontos em consideração, como o revestimento escolhido e a exposição a altas temperaturas. Infelizmente, o rejunte epóxi não é resistente ao calor, por isso, não deve ser utilizado para rejuntar churrasqueiras, lareiras e sauna, por exemplo. Também não é resistente aos raios UV, podendo ocasionar manchas em cores mais claras.

Tipo de revestimento

ambiente com poltrona e mesinha de canto e de fundo nichos na parede com objetos decorativos

O uso de materiais naturais e rústicos é um impeditivo para o uso do rejunte epóxi. Projeto do escritório Liê Arquitetas (Foto: Joana França)

O revestimento existe por uma questão técnica muito importante: nem todos os revestimentos podem ser assentados lado a lado, na chamada junta seca, pois alguns materiais tendem a expandir com o calor e retrair no frio. O rejunte é o que irá preencher este espacinho da emenda, garantindo que a peça não trinque ou crie dentes. 

Sendo assim, é claro que o revestimento escolhido é um fator determinante para a escolha do rejunte e sua espessura. Muitas vezes, o próprio fabricante já orienta sobre o tipo de rejunte mais indicado para aquela peça. Porcelanatos, cerâmicas, pastilhas e pedras naturais têm características distintas que precisam ser levadas em consideração para o melhor resultado técnico e estético.  

Um ponto importante diz respeito ao acabamento ou textura do revestimento. Superfícies mais rugosas tendem a representar um desafio para a aplicação do rejunte epóxi, uma vez que é muito difícil remover qualquer sujeira após a aplicação. Se optar por utilizar este tipo de rejunte em uma pedra ou porcelanato natural, certifique-se de ter uma mão de obra muito boa para a instalação.

Lilian Revestindo a Casa
Calendario 22 dezembro 2023 Lilian Revestindo a Casa

Leia também

Siga-nos no instagram

@revestindoacasa

Lilian Santos

Lilian Santos

CEO do Revestindo a Casa

Sou formada em Design de Interiores e Marketing, e especialista em revestimentos. Durante muitos anos, trabalhei em empresas especializadas do segmento e compartilho todos os segredos deste universo por aqui. Ainda ministro cursos, palestras e consultorias sobre o assunto, além de integrar o time de colunistas da Casa Vogue.

Ver mais