Os revestimentos cerâmicos são uma ampla categoria que engloba o porcelanato. Entenda as indicações e aplicações de cada um!
Todo porcelanato é uma cerâmica, mas nem toda cerâmica é um porcelanato. Confuso? Calma que eu explico! Segundo a Associação Brasileira de Cerâmica, essa definição compreende todos os materiais orgânicos, não metálicos, obtidos após tratamento térmico em temperaturas elevadas.
No universo dos revestimentos, consideramos como placas cerâmicas todas as peças produzidas a partir da mistura de argila e outras matérias-primas inorgânicas que possam ser instaladas em paredes, pisos, bancadas, piscinas, entre outros. Isso inclui azulejos, pastilhas, lajotas e, sim, porcelanatos.
Não é de se espantar porque ouvimos falar tanto em cerâmicas na construção civil e no design de interiores. Digo com tranquilidade que você tem pelo menos uma peça cerâmica na sua casa, seja no banheiro, na cozinha ou na área externa. Isso porque ela é uma ótima solução para quem procura revestimentos de fácil manutenção e bom custo-benefício frente às pedras naturais.
Além de serem fáceis de instalar, as cerâmicas apresentam excelente durabilidade, são resistentes a fungos e podem ser encontradas em diversos formatos, cores, espessuras, estampas e modelos.
Como escolher peças cerâmicas
Uma dica que eu dou é estar sempre atento às orientações do fabricante! Por ser uma categoria de revestimentos muito ampla, as cerâmicas costumam ser divididas em diferentes categorias conforme sua resistência e aplicação.
Um dos principais indicativos é o grau de absorção de água. Além de ser um aspecto fundamental para áreas molhadas e molháveis, a porosidade influencia diretamente na resistência mecânica daquele revestimento.
- Porcelanatos: baixa absorção – resistência mecânica alta (BI a – de 0 a 0,5 %);
- Grês: baixa absorção – resistência mecânica alta (BI b – de 0,5 a 3%);
- Semi-Grês: média absorção – resistência mecânica média (BII a – de 3 a 6%);
- Semi-Porosos: alta absorção – resistência mecânica baixa (BII b – de 6 a 10%);
- Porosos: alta absorção – resistência mecânica baixa (BIII – acima de 10%).
É muito importante estar atento a essas classificações, pois já vi muitas pessoas comprando pisos considerados Grês achando que se tratava de um porcelanato. Além da diferença óbvia no preço, em breve, você vai entender porque não é a mesma coisa.
Outras indicações importantes a serem consideradas são se aquela placa cerâmica pode ser aplicada em ambientes externos ou apenas internos; e se é recomendada para pisos ou apenas paredes. As siglas podem variar conforme a marca, mas RE costuma indicar a possibilidade de aplicação no piso e RI peças que só podem ser aplicadas em paredes internas.
E o porcelanato?
Pois bem, você deve estar se perguntando qual a diferença entre cerâmica e porcelanato. A ABNT NBR 15463:2013 define os porcelanatos como “placas cerâmicas compostas por argila, feldspato e outras matérias-primas inorgânicas, conformadas por extrusão, prensagem ou outros processos, podendo ser esmaltadas ou não esmaltadas, polidas ou naturais, retificadas ou não retificadas”.
Na prática, a principal diferença está no processo de fabricação das cerâmicas convencionais e do porcelanato, uma vez que este é submetido a uma temperatura de mais de 1300 ºC, muito superior às demais peças cerâmicas. O resultado é uma peça compacta, rígida e homogênea, que leva um corte totalmente reto.
Em termos de absorção e resistência, é considerado um dos melhores materiais que existe para a sua casa, sendo possível utilizá-lo tanto em áreas internas, como externas. Devido às tecnologias de fabricação, é possível ter diversos acabamentos, que reproduzem mármores, madeiras e pedras naturais com perfeição.
Sua resistência também permite que ele seja cortado na máquina, com quinas perfeitas, enquanto a cerâmica tradicional tem bordas mais irregulares. Isso é importante na hora de assentar a peça, pois possibilita a junta seca: a menor largura possível de um rejunte, cerca de 2 mm.
Esta solução reduz a aparência de sujeira e gera um acabamento mais bonito e homogêneo. Mas fique atento: nem todo porcelanato admite junta seca, por isso, é fundamental ler as orientações do fabricante sobre a largura e o tipo de rejunte recomendado para cada peça.
CONFIRA: HISTÓRIA DO PRODUTO: PORCELANATO
Como escolher porcelanatos
No mercado, os porcelanatos são divididos em técnicos, que não recebem nenhuma camada de esmalte na sua superfície, e esmaltados.
Os porcelanatos técnicos, também conhecidos como toda massa, são aqueles que não recebem nenhuma camada de esmalte na sua superfície. Este tipo de revestimento tem uma alta resistência mecânica, ou seja, aguenta mais peso e também uma circulação intensa.
Por conta dessa resistência e da baixa absorção de água, menor ou igual a 0,1%, ele é muito utilizado em espaços comerciais, como shoppings centers ou lojas de departamento. Normalmente, todos os porcelanatos técnicos são retificados, com bordas perfeitamente retas, o que disfarça o rejunte.
Como o próprio nome já diz, o porcelanato esmaltado recebe uma camada de esmalte sobre a peça. Esta aplicação permite uma diversidade de estampas e efeitos, com praticamente as mesmas vantagens do porcelanato técnico no quesito absorção de água. Além disso, possuem as versões retificada e não-retificada. A indicação técnica é feita através do PEI, um índice que determina a resistência do porcelanato esmaltado e varia entre 1 e 5. Quanto maior o PEI, mais resistente é o revestimento.
- PEI 1: Indicado para áreas com pouquíssimo atrito, de preferência, paredes em ambientes internos;
- PEI 2: Também apresenta baixa resistência mecânica e é indicado para áreas com pouca circulação, como quartos;
- PEI 3: É um modelo intermediário do grupo, que já apresenta uma durabilidade um pouco maior e pode ser instalado dentro de casa;
- PEI 4: A qualidade já é bem superior e a instalação pode ser feita em áreas com mais circulação, como hall de entrada e salas;
- PEI 5: Considerado o de melhor resistência e, por isso, mais durável. Pode ser usado em áreas externas e com alta circulação de pessoas.
Os porcelanatos esmaltados podem receber diversos tipos de acabamento, sendo os mais comuns o polido e o acetinado.
Os porcelanatos polidos recebem um polimento e uma camada extra de impermeabilização que lhe conferem brilho intenso e superfície super lisa. Essa estética já foi muito valorizada em projetos residenciais, mas também pode representar um perigo quando aplicado em áreas equivocadas.
Isso porque o polimento torna esta peça muito escorregadia, aumentando o risco de acidentes. Por esse motivo, é mais indicado para ambientes como salas, quartos e escritórios, sendo aconselhado evitá-lo em áreas molhadas ou molháveis, como cozinhas, banheiros, lavanderias, quintais e varandas.
O porcelanato acetinado é um acabamento com menos brilho e textura fosca. Sendo assim, é menos escorregadio e pode ser utilizado em todos os ambientes da casa. Além disso, esse tipo de material é muito resistente, inclusive a riscos e manchas, uma dor de cabeça comum no caso dos polidos.
Além da estética fosca, o porcelanato acetinado possui uma textura diferente, mais sedosa e suave, resultado de um processo chamado escovação. Suas maiores desvantagens são o custo da mão de obra, uma das mais caras entre os pisos frios, e a dificuldade na remoção completa do piso.