O gesso é um dos materiais de construção mais antigos fabricados pelo homem. Escavações na Síria e na Turquia revelaram que ele era utilizado desde 8000 a.C. na forma de reboco, no preparo do solo e na confecção de recipientes. A Pirâmide de Quéops, de 2800 a.C, preserva um dos mais antigos vestígios do emprego de gesso em construções.
Parte desta longevidade deve-se à simples obtenção do material. O processo consiste no aquecimento a 160 ºC da gipsita, um minério abundante, inclusive, no Brasil. Por aqui, os maiores depósitos de gipsita encontram-se na região do Araripe, no Nordeste.
Depois de extraídos os blocos de minério, eles passam por uma fragmentação, calcinação (na qual o minério é submetido à alta temperatura para que desidrate), moagem e embalagem. O resultado é um pó bem fino, branco, com diversas utilidades.
Na construção civil, pode ser utilizado para cobrir paredes e tetos, dando um acabamento liso; para criar divisórias como o drywall (gesso acartonado), molduras, frisos, sancas, iluminação embutida, colunas, entre outras estruturas. Além disso, o gesso é utilizado pelas indústrias cerâmicas e de fundição para moldar as peças.
VANTAGENS E DESVANTAGENS
O gesso possui propriedades específicas como a elevada plasticidade quando misturado em água e o endurecimento rápido, que facilitam o seu manuseio para a execução de detalhes e consertos. A leveza final do material também é vantajosa na hora de criar paredes, divisórias ou painéis.
Por suas propriedades físico-químicas, o gesso é considerado um isolante térmico e acústico natural, muito superior à uma parede de tijolos. Também não é inflamável e resiste a até 120 ºC de temperatura, considerado um material seguro para casas e apartamentos.
O gesso ainda recebe bem todos os tipos de pintura e acabamento, e possui uma manutenção simples, bastando um pano úmido e sabão de coco para limpá-lo. Não libera poeira depois de instalado e não costuma rachar, absorvendo bem os movimentos naturais da estrutura.
Na lista de desvantagens, a sujeira na instalação é garantida, uma vez que o pó fino se espalha facilmente. Mas a maior limitação imposta pelo gesso é não suportar o contato direto com água ou umidade, impedindo seu uso em áreas externas ou úmidas. Hoje, já existem aditivos específicos para este emprego, mas o gesso comum deve ser utilizado apenas em ambientes internos e secos.
TIPOS DE GESSO
O gesso pode ser classificado conforme o seu tempo de secagem. O gesso lento, como o próprio nome já diz, demora mais para endurecer, o que garante um tempo adicional para manuseá-lo. Este gesso é utilizado em paredes de concreto, tijolos cerâmicos, alvenaria e tetos.
Já o gesso rápido costuma secar e pegar forma em pouquíssimo tempo, de 9 a 12 minutos. Ele deve ser utilizado para fins específicos, como pequenas reformas, trabalhos manuais ou artesanais, fundir molduras e revestir superfícies internas.
Gesso em pó
O gesso em pó é aquele obtido através da moagem, que precisa ser misturado à água para criar liga. Trata-se de um excelente substituto para cimentos e massas corridas, fácil de manusear, nivelar e limpar. Seu uso é muito comum em superfícies planas, acabamentos e detalhes decorativos.
Gesso acartonado
Também conhecido como drywall, o gesso acartonado é uma placa leve, com enorme variedade de tamanhos, formatos e aplicações. É um material pré-fabricado prático e que não depende de argamassa. A seguir, abordaremos mais usos do drywall na construção civil.
Gesso em placas
Pode parecer confuso, mas quando falamos de gesso em placas, não estamos nos referindo ao drywall. O gesso em placa é um material bem mais pesado, geralmente quadrado, semelhante a um revestimento. É muito comum que revestimentos 3D sejam feitos de gesso, por exemplo.
Gesso em blocos
Ainda pouco utilizado no Brasil, o gesso em bloco traz a possibilidade de estruturar construções com o material, no lugar de blocos de concreto. Esses blocos são pré-moldados e apresentam uma superfície bastante lisa, sem necessidade de rebocos ou chapisco para o acabamento final.
PRINCIPAIS APLICAÇÕES
Forro de gesso
O forro de gesso é muito comum em novos imóveis e apartamentos. Trata-se de um revestimento que promove o isolamento térmico entre o telhado e o piso. Além desta função estrutural, ele permite a instalação de diversas luminárias embutidas. Vale a pena ficar atento à altura do pé-direito: se for maior que 2,60 m, é possível criar um forro de gesso de 13 cm para embutir a iluminação. Se a altura for mais baixa, esqueça o forro.
Drywall
Já aplicado em larga escala nas construções residenciais e comerciais, o Drywall é uma tecnologia que substitui a alvenaria convencional em ambientes internos e pode ser utilizado em paredes, revestimentos ou em tetos.
Composto por chapas de gesso aparafusadas em estruturas de aço, é um método que não utiliza água, gera poucos resíduos na obra e torna a construção mais rápida, barata e leve. Seu uso mais comum é como divisória em ambientes secos, como salas e quartos. Seu uso possibilita maior flexibilidade no layout e uma execução da obra até 4 vezes mais rápida.
Além da construção de paredes, ele pode ser utilizado para melhorar o acabamento daquelas existentes, já que as placas são livres de imperfeições, dispensando o preparo para pintura.
Existem diferentes tipos para cada aplicação. As placas brancas são as mais comuns para ambientes secos. As verdes possuem adição de silicone e apresentam maior resistência à umidade, ideais para uso em banheiros e cozinhas. Já as placas rosas contêm adição de fibras de vidro, resistentes ao fogo.
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Contudo, o drywall ainda é considerado um sistema de vedação, não estrutural. Ao mesmo tempo que permite flexibilidade e alterações na planta sem grandes problemas, são paredes que não suportam muito peso e necessitam de um reforço para instalação. Não se deve jogar nada ou bater nelas, pois têm ruptura frágil, por exemplo.
Construção a seco
Para criar uma estrutura resistente ou ambientes externos, o drywall precisa estar unido a outro método construtivo. É o caso do Steel Frame e do Light Steel Frame. Em ambos os casos, a estrutura é feita de aço galvanizado, que substitui o concreto, os blocos e tijolos da construção tradicional.
A principal diferença entre o Light Steel Frame e o Steel Frame está na estética. Os perfis utilizados no LSF, para substituir as tradicionais vigas e colunas, são tão finos que cabem dentro das paredes da edificação, proporcionando um enorme ganho arquitetônico, ainda que o Steel Frame apresente maior resistência final. Ambos os métodos trazem leveza, durabilidade e agilidade na construção.
Além de casas e apartamentos, o Light Steel e o Steel Frame são indicados para todos os tipos de obra, incluindo as de grande porte, como aeroportos, estádios de futebol, vilas olímpicas, edifícios e galpões.
Sancas
Além do forro de gesso, outra forma de utilizar o gesso para criar iluminação embutida é através das sancas. A palavra sanca denomina a transição entre a parede e o teto de um determinado ambiente. Em geral, trata-se de um forro alternativo de gesso, utilizado como aspecto decorativo ou para criar iluminações alternativas.
A sanca de gesso aberta é um acabamento no perímetro do ambiente que deixa as laterais abertas, no encontro entre teto e parede. Este modelo permite diferentes usos de iluminação indireta, criando um clima intimista. A sanca de gesso fechada não possui nenhum tipo de abertura, tendo o forro rebaixado apenas no encontro da parede com o teto.
Boiseries
As boiseries são molduras feitas em paredes, normalmente, com gesso, para dar um toque especial à decoração. Essa técnica surgiu na França, em meados do século XVIII, e era utilizada apenas nas casas dos membros da realeza.
No início, as boiseries eram feitas de madeira por carpinteiros artistas. Com o passar dos anos, a técnica recebeu diversas alterações para se adaptar às necessidades atuais, sendo produzida por diferentes materiais, como o gesso.