Mármore: etapas de fabricação e cuidados na aplicação

De uso milenar e elegância inquestionável, o mármore é um dos revestimentos mais desejados da arquitetura. Os primeiros registros de uso datam de quase 5 mil anos e acredita-se que tenha começado no antigo Egito, para a construção de túmulos de faraós e pirâmides.  Ainda hoje, o mármore está associado ao luxo e à nobreza. […]

Lilian Revestindo a Casa
Calendario 16 fevereiro 2023 Lilian Revestindo a Casa
Compartilhe:
Mármore: etapas de fabricação e cuidados na aplicação

Projeto do arquiteto Leo Romano tem piso de mármore bege Bahia (Foto: Carolina Mossin/Divulgação)

De uso milenar e elegância inquestionável, o mármore é um dos revestimentos mais desejados da arquitetura. Os primeiros registros de uso datam de quase 5 mil anos e acredita-se que tenha começado no antigo Egito, para a construção de túmulos de faraós e pirâmides. 

Ainda hoje, o mármore está associado ao luxo e à nobreza. Além da aparência única, com veios expostos, parte desta valorização deve-se ao fato de ser uma rocha natural, ou seja, encontrada e extraída da natureza. Estamos falando de um recurso não-renovável, com peças exclusivas e um custo alto de extração e beneficiamento. 

Etapas de fabricação

Mármore: etapas de fabricação e cuidados na aplicação

No projeto da arquiteta Renata Gaia, o mármore é empregado no tampo da mesa e em um recorte do piso (Foto: Lufe Gomes / Divulgação)

Como citei anteriormente, o mármore é uma rocha natural originada de calcário exposto a altas temperaturas e pressão. Essas condições são alcançadas através do resfriamento do magma. Devido aos movimentos das placas tectônicas, rochas derretidas são empurradas para a superfície, formando as pedras ígneas, como mármore e granito. 

Chamamos de jazidas as grandes reservas naturais, geralmente, localizadas em montanhas rochosas, onde estas pedras encontram-se em grande quantidade. Para extraí-las, é necessário o uso de equipamentos apropriados, como máquinas de fio diamantado para fatiar a rocha, preservando o entorno e a segurança dos envolvidos. 

O primeiro pedaço de rocha extraído é chamado de bancada ou prancha, com 12 m x 6 m x 1,8 m. A mesma é analisada por um profissional capaz de demarcar nessa rocha pontos para novos cortes, criando blocos de 3 m x 1,8 m x 1,8 m, mas fáceis de transportar para a indústria. 

CONFIRA: 23 IDEIAS DE BANCADAS DE MÁRMORE PARA COZINHAS E BANHEIROS

Já na indústria, a primeira etapa de beneficiamento do mármore é transformá-lo em chapas com espessuras variadas, que dependem da utilidade daquela peça no futuro. No geral, a espessura varia entre 2 e 4 cm. 

O segundo beneficiamento é feito nas marmorarias, empresas que realizam o corte e o acabamento das peças. Os acabamentos mais comuns são: 

Levigado – A pedra é lixada, mas sem brilho, mantendo possíveis imperfeições como poros e rebaixos. 

Polido – A pedra é lixada até atingir um  brilho quase especular. Nesse caso, a superfície fica escorregadia quando em contato com água, por isso, é necessário avaliar bem onde será instalada. 

Escovado – Escovas de aço e diamante sinterizado circulam sobre a chapa para deixá-la com aspecto mais natural e textura levemente acetinada. Esse tratamento ressalta a o contraste entre os minerais rochosos. 

Resinado – O material passa por um tratamento que fechará seus poros e rebaixos com uma resina apropriada para este fim. Após esta etapa, ele poderá ser polido ou levigado. 

Bruto – Conserva o estado natural da peça e a deixa mais suscetível a danos por umidade, temperatura e intempéries climáticas. 

Depois de pronto, o mármore é comercializado em diversas formas, para os mais variados usos. Alguns deles são indicados, outros não, como você verá a seguir! 

Usos do mármore

Mármore: etapas de fabricação e cuidados na aplicação

Recomenda-se o uso do mármore apenas em bancadas de refeição, como neste projeto do estúdio australiano Decus (Foto: Felix Forest / Divulgação)

Que o mármore é lindo e garante um resultado exclusivo, a gente já sabe! Mas ao escolhê-lo é preciso levar em consideração que se trata de um material delicado, bastante poroso e que pode demandar muita manutenção caso seja aplicado em condições adversas. 

O primeiro ponto é que o mármore é indicado, preferencialmente, para ambientes internos residenciais, protegidos da ação direta dos raios solares, da poluição e da chuva. Ele não é indicado para ambientes comerciais de tráfego intenso, pois se desgasta facilmente. 

Neste contexto residencial, o uso mais comum é como piso frio. O mármore é um excelente condutor de calor, ou seja, dissipa o calor com maior facilidade, reduzindo a temperatura ambiente. Por isso, ele é mais gelado ao primeiro toque. As diferentes cores, padrões e acabamentos tornam este um revestimento fantástico para ambientes secos, como salas, quartos e escritórios. 

O mármore também pode revestir paredes internas, mas vale tomar alguns cuidados, como evitar acabamentos mais ásperos no corredor e na escada; e não aplicá-lo na área do box. 

Outros usos do mármore, apesar de comuns, exigem certa atenção. Confira alguns deles a seguir! 

Mármore: etapas de fabricação e cuidados na aplicação

Projeto da designer de interiores Genna Margolis, em Los Angeles, tem bancada e prateleiras em mármore (Foto: Madeline Tolle/Divulgação)

Bancadas

Um dos usos mais vistos do mármore são as bancadas de cozinhas. Mas acredite quando eu digo que este uso não é o mais indicado, principalmente para quem gosta de cozinhar. Por ser uma das pedras mais porosas existentes, o mármore absorve água e outros líquidos, manchando facilmente. Este uso só é recomendado para quem manipula poucos ingredientes ou em bancadas voltadas apenas para refeições. 

Áreas externas

“Ah Lilian, mas fulano utilizou mármore na churrasqueira externa”. Hoje, há empresas especializadas no tratamento e beneficiamento do mármore para diminuir a sua porosidade. Isso possibilita a aplicação em áreas externas, mas o uso ainda deve ser avaliado por um profissional qualificado, a fim de evitar problemas futuros. 

Lavabos e banheiros

A umidade característica de banheiros é o principal vilão para o mármore a longo prazo, ocasionando manchas e até a perda total da peça. A recomendação, portanto, é evitá-lo na área do box, onde a concentração de água é constante, e ficar atento à manutenção da impermeabilização em bancadas, pisos e paredes. 

No projeto de Marlon Gama, o mármore é empregado na lareira (Foto: Lufe Gomes / Divulgação)

Lareiras

Por muito tempo, o mármore foi o queridinho para revestir lareiras e, de fato, ele é bem resistente às altas temperaturas. O ponto negativo está na porosidade deste material, que tende a manchar com facilidade com a fuligem. Hoje, você pode alcançar este mesmo resultado elegante com um custo-benefício melhor ao investir em um porcelanato.

Lilian Revestindo a Casa
Calendario 16 fevereiro 2023 Lilian Revestindo a Casa

Leia também

Siga-nos no instagram

@revestindoacasa

Lilian Santos

Lilian Santos

CEO do Revestindo a Casa

Sou formada em Design de Interiores e Marketing, e especialista em revestimentos. Durante muitos anos, trabalhei em empresas especializadas do segmento e compartilho todos os segredos deste universo por aqui. Ainda ministro cursos, palestras e consultorias sobre o assunto, além de integrar o time de colunistas da Casa Vogue.

Ver mais