Como muitos de vocês sabem, trabalhei durante anos como vendedora em lojas de revestimento. Por isso, digo com propriedade que escolher pisos para sua casa ou apartamento é uma das etapas mais divertidas – e importantes – de qualquer obra. Afinal, é quando vemos o projeto ganhar vida própria!
Contudo, o universo dos revestimentos é muito técnico e complexo – há muita informação antes de sair andando pelos corredores das lojas e escolher um piso. A primeira coisa que precisamos levar em consideração são as reais necessidades dos moradores e as sensações que eles querem sentir ao entrar naquele espaço.
Se isso nortear todas as suas escolhas, seu projeto ficará autêntico, único e o morador se sentirá pertencente àquele espaço, por ele ser uma extensão da sua personalidade e dos seus desejos.
A seguir, listei os 9 principais pisos utilizados nos projetos brasileiros. Este é apenas um resumão dos tipos disponíveis no mercado, mas a escolha é muito mais complexa! Se você quiser aprender mais sobre o tema, não deixe de visitar nossa aba de cursos.
Porcelanatos
O porcelanato é um dos revestimentos mais utilizados em projetos residenciais e comerciais, conhecido por sua grande resistência e por ser uma alternativa a pedras mais nobres. Também é considerado um dos materiais menos porosos disponíveis no mercado.
A ABNT NBR 15463:2013 define os porcelanatos como “placas cerâmicas compostas por argila, feldspato e outras matérias-primas inorgânicas, conformadas por extrusão, prensagem ou outros processos, podendo ser esmaltadas ou não esmaltadas, polidas ou naturais, retificadas ou não retificadas”.
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Sua base é rígida e tem cerca de 1 cm de espessura, podendo ser aplicado em pisos, paredes e até bancadas. Essa resistência também possibilita que ele seja cortado na máquina, com perfeitos ângulos de 90º, enquanto a cerâmica tradicional tem bordas mais irregulares.
Cerâmicos
O porcelanato é apenas um tipo de peça cerâmica. Produzidas a partir da mistura de argila e outras matérias-primas inorgânicas, em geral, elas possuem três camadas. A primeira é o suporte ou biscoito. A segunda é o engobe, que tem função impermeabilizante e garante a aderência do esmalte ou entre as partes. A terceira é o esmalte, uma camada vítrea que também impermeabiliza, além de decorar a face superior.
As peças de cerâmica costumam ser divididas em tradicionais e avançadas. A cerâmica tradicional é aproveitada em diversos revestimentos, incluindo os azulejos. Mas atenção: a maioria dos azulejos não podem ser usados no piso pela baixa resistência mecânica.
Já a cerâmica avançada é obtida a partir da matéria-prima mais purificada, que pode ser a mesma que dá origem à cerâmica tradicional, mas que está em um estado maior de pureza. É o caso do porcelanato, por exemplo.
Rochas naturais
As pedras ou rochas naturais são aquelas encontradas e extraídas da natureza. Como não são um recurso renovável, seu custo costuma ser mais alto e não são fornecidas muitas garantias. Contudo, o uso de pedras naturais garantirá um resultado único ao ambiente. Entre os pisos frios, as que ganham maior destaque são o granito e o mármore.
O mármore é uma rocha natural originada de calcário exposto a altas temperaturas e pressão. Tem uma aparência mais homogênea que o granito, com veios expostos, e pode ser encontrado em muitas variações de cores e texturas. Com conotação sofisticada, o material deve ser usado preferencialmente em ambientes internos, já que em áreas externas pode apresentar alterações de cor graças à ação do tempo, dos raios solares e da poluição. Também não é indicado em áreas de tráfego intenso, pois se desgasta mais facilmente.
O granito é uma rocha natural composta essencialmente de quartzo, mica e feldspato. Tem baixo índice de porosidade e demonstra alta resistência a desgastes, riscos e impactos. É uma ótima opção para ambientes internos e externos, considerando qualidade, custo-benefício e fácil manutenção. Vale destacar que as cores mais claras tendem a ser mais porosas, assim, se a limpeza não for diária, a pedra vai manchar mais facilmente. Não tem tonalidade homogênea, já que apresenta aparência granulada, com pontos pretos em sua composição.
Ladrilhos hidráulicos
São peças de cimento totalmente artesanais que encantam pelo colorido e desenhos que formam nos espaços. Por ser um pouco maior que os azulejos tradicionais, este modelo é mais indicado para ambientes amplos. Uma dica é a estampa geométrica, que deixa a decoração moderna e unifica os ambientes.
Cimentícios
Revestimentos cimentícios são placas produzidas da mistura de cimento com matérias-primas diversas que possibilitam texturas, formas, funções e cores diferenciadas, como um aspecto amadeirado ou de concreto aparente. A qualidade do material fabricado permite que seja aplicado tanto em ambientes internos e externos. Graças à flexibilidade, o cimentício pode dar origem a cobogós, revestimentos 3D, tijolinhos, jardins verticais, terrazzos, entre outros.
Vinílico
O piso vinílico é feito de cloreto de vinila ou PVC. No mercado, é possível encontrar diversas opções de cores e texturas, por um excelente custo-benefício. Os formatos mais comuns são em manta, réguas e placas, sendo que a mais aplicada em obras residenciais é a régua. Ela permite diversas aplicações e paginações diferentes como a escama de peixe, por exemplo.
Os pisos vinílicos podem ser colados ou clicados. Os clicados são uma excelente opção para casas alugadas e obras comerciais, pois a instalação é mais rápida e podem ser removidos com mais facilidade e aplicados em outro lugar. Eles tem de 4 a 6 mm de espessura. Os colados são mais baratos e mostram mais a irregularidade do contrapiso por serem mais fininhos, de 2mm a 3 mm de espessura.
Laminado
Já o piso laminado é composto por diversas camadas de derivados de madeira, em larguras e comprimentos variados. Ele é coberto por uma resina melamínica e também dispõe de diversas cores, acabamentos e estampas. Encontram-se disponíveis nos formatos de régua e placa.
Os pisos laminados são mais fáceis de instalar do que os vinílicos, apenas encaixando as réguas com a ajuda de espaçadores, sobre uma manta de polietileno. Costumam ser mais grossos, com 7 a 9 mm de espessura, o que também ajuda a disfarçar eventuais imperfeições e irregularidades no contrapiso.
Se a ideia é aplicar o revestimento em área molhada, esqueça! Nem o piso vinílico, nem o laminado são recomendados para a imersão em água. Por ser um revestimento mais rígido, o laminado também propaga o som ao caminhar. Para a instalação em apartamentos, é recomendado utilizar uma manta acústica para que o barulho não incomode o vizinho de baixo.
Madeira
Tanto o vinílico, como o laminado ficaram famosos por reproduzir bem o piso de madeira. Mas nada se compara ao original! Entre os materiais naturais, a madeira é disparada a que mais oferece conforto térmico em termos de piso. Não à toa, ela foi por muito tempo a principal opção para casas de campo e de praia, já que é capaz de estabilizar sua temperatura tanto em regiões frias, como quentes.
Cada peça tem cores, tonalidades e veios únicos. Como existe uma grande diversidade de madeiras na natureza, há tipos que terão mais variações de tons e outros que serão mais uniformes. Este aspecto natural traz maior aconchego e acolhimento, “aquecendo” visualmente o projeto.
Pisos monolíticos
No contexto da construção civil, chamamos de piso ou revestimento monolítico as peças que podem ser assentadas sem rejuntes ou emendas, dando a impressão de continuidade. O uso de revestimentos monolíticos valoriza a sensação de amplitude nos ambientes.
Um exemplo de piso monolítico não-cerâmico é o cimento queimado, muito utilizado na decoração industrial. Apesar do nome, o cimento queimado não envolve nenhum processo com fogo ou altas temperaturas. É, na verdade, uma argamassa produzida com uma mistura de cimento, água e areia, preparada no próprio local da aplicação.
O cimento queimado tem, em média, 30 cm de espessura e é preparado sobre o contrapiso úmido ou sobre uma superfície áspera que garante aderência. Para aplicar o pó de cimento alisado sobre essas superfícies, pode ser utilizada uma desempenadeira ou, então, uma colher de pedreiro.