Por Arquiteta Thaíssa Dias
Você já ouviu falar em ‘’neuroarquitetura’’? Sabe o que significa? Neste texto, iremos ajudá-lo a entender um pouco mais sobre este assunto que cada vez mais, vem ganhando espaço entre os profissionais da área e principalmente desmitificar o pensamento de que arquitetura é apenas estética.
Para começar, vamos compreender o significado deste termo. Neuroarquitetura, trata-se de do estudo da neurociência aplicado à arquitetura, com o intuito de comprovar como o meio influencia em nosso comportamento e consequentemente, criar espaços que sejam capazes de estimular o bem estar e felicidade de quem os ocupa. O estudo da neuroarquitetura, é essencial no momento de projetar, visto que o arquiteto projeta para o usuário, sendo assim, os espaços devem ser programados e construídos totalmente para ele, visando sempre seu bem estar.
Não podemos nunca nos esquecer, de que o ser humano, interage com o meio e estimula suas emoções através dos cinco sentidos: olfato, paladar, audição, tato e visão. Conseguir agradar todos estes sentidos de acordo com suas necessidades, faz com que cada projeto seja único e personalizado , por conta disto, decisões como: disposições de portas e janelas, cores, texturas, ângulos de paredes, iluminação, revestimentos, mobiliários entre outros, são elementos essenciais para esta ciência
Estudos apontam, que os seres humanos, passam em média 90% do seu tempo em edifícios, sejam eles comerciais e/ou residenciais. Partindo deste princípio, fica cada vez mais claro, a necessidade de criação de edifícios ‘’mais humanos’’ ou seja, capazes de nos proporcionarem bem estar e saúde. De acordo com Wilhelm Reich, o caráter do ser humano, é resultado de suas atitudes e respostas habituais para variadas situações, isso inclui comportamento e valores. Desta forma, determinada pessoa, irá se relacionar com outras de acordo com seus traços de caráter.
Sabendo disto, o mesmo pode ser aplicado para construções e decorações. Por exemplo:
Caráter esquizóide: Apresentam como comportamento principal a racionalidade. Geralmente trata-se de pessoas mais reservadas, distantes e frias. Por vezes preferem ambientes monocromáticos ou compostos por cores frias. São adeptos a poucos móveis, de preferência de madeira e sala de leitura é um cômodo que os agradam muito.
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Caráter oral: Trata-se de pessoas mais extrovertidas, gostam de receber visitas, optam por cores mais quentes, fibras naturais e materiais que contribuam para criar ambientes mais aconchegantes. Neste sentido, a sala e cozinha por diversas vezes são os ambientes preferidos.
Caráter obsessivo-compulsivo: Composto por pessoas que são mais apegas a tradições, consideradas conservadoras. Preferem manter os ambientes sempre organizados, uma decoração mais básica, móveis tradicionais, preferencialmente em madeira, cores sóbrias e neutras.
Caráter masoquista: São pessoas tendenciosas a serem desapegadas a bens materiais e ansiosas. Preferem ambientes integrados, preferencialmente com presença de plantas, cores claras, móveis que transmitam a sensação de aconchego entre outros. São indispensáveis quarto de hóspedes e varanda neste projeto.
Caráter fálico-narcisista: Grupo composto por pessoas alegres e dinâmicas. Não gostam de algo monótono e as mudanças são constantes em suas vidas, por isso seus imóveis vivem sempre em reforma. São ótimas anfitriãs, sendo assim, a sala de estar e cozinha são os cômodos preferidos destas pessoas. A decoração deve transmitir segurança e poder.
Caráter histérico:São pessoas alegres, falantes, gostam de coisas exóticas e também chamativas. Preferem espaços amplos, aconchegantes e móveis que sejam multifuncionais.
Por fim, algumas dicas para por em prática a neuroaquitetura no seu dia a dia:
Ar livre: Prefira ambientes que possibilitam a iluminação e ventilação natural, pois estes tendem a promover o relaxamento.
Iluminação artificial: Também é extremamente importante, no momento de decidir pela temperatura ideal em cada ambientes e quais sensações deseja estimular.
Elementos da natureza: Opte por elementos da natureza, que são sempre bem vindos, pois além de conectar o ser humano com o meio ambiente, promove o relaxamento.
Organização: Esta dica parece ser clichê, mas manter nossos ambientes organizados, é fundamental na neuroarquitetura e de acordo com estudos, ajuda até mesmo a combater a ansiedade.
Me chamo Thaíssa, sou arquiteta e urbanista formada pela universidade Anhembi Morumbi e pós graduanda em Design de Interiores. Decidi qual seria minha profissão ainda no ensino fundamental e no momento de ingressar em uma universidade, não tive dúvidas de que estava fazendo a escolha certa, aquela que meu coração sempre pediu e até hoje não me vejo fazendo outra coisa. Acredito que a escrita, assim como a arquitetura nos permite expressar nossos sentimentos e eterniza-los.
Minha função como arquiteta, é projetar através de sensações e desmitificar a história de que arquitetura trata-se apenas de estética. Por conta disto, iremos falar sobre diversos assuntos relacionados a área e claro, aprender um pouco mais a cada dia. Espero que gostem!