A escolha entre rejunte cimentício, acrílico e epóxi depende do briefing sensorial do morador, do ambiente e do revestimento em questão
Uma das principais dúvidas que recebo nas aulas ou nas redes sociais é “como escolher o melhor rejunte para pisos e paredes”? Gostaria que tivesse uma resposta simples, mas a realidade é que todo material possui características próprias e aplicações distintas. Não gosto nem de falar em vantagens e desvantagens.
Hoje, temos no mercado três tipos principais de rejunte:
Cimentício: Este rejunte é feito de cimento e agregados minerais com pigmentos para acrescentar cor. De fácil aplicação, pode ser utilizado em áreas internas ou externas, mas é o mais permeável e poroso dos três, dificultando a limpeza. O acabamento acaba ficando mais áspero, afinal, ele é o mais barato. Com este rejunte, a distância recomendada entre uma peça e outra é de 3 a 10 mm.
Acrílico: Composto por resina acrílica, cimento, agregados minerais, pigmentos, aditivos e polímeros, o rejunte tem um acabamento um pouco mais liso e um preço intermediário. A distância entre as peças, neste caso, baixa para 1 a 3 mm, ideal para quem busca um rejunte mais discreto e maior sensação de amplitude.
Epóxi: Bi-componente à base de resina, o epóxi possui elevada resistência química e mecânica, além de ser extremamente impermeável e resistente a fungos e manchas, sendo o acabamento de melhor qualidade. Mas é preciso cuidado na aplicação do produto, já que qualquer rebarba torna necessário substituir o piso, caracterizando uma aplicação difícil. Se não for limpo na hora, dificilmente será possível retirar a marca do revestimento. O rejunte epóxi permite uma distância de menos de 3 mm entre um revestimento e outro.
Conhecer as características do material é o primeiro passo para especificá-lo. Contudo, a escolha dependerá sempre do briefing sensorial do morador, do ambiente de aplicação e do revestimento escolhido.
Briefing sensorial
O Briefing Sensorial é um método desenvolvido por mim onde as escolhas são baseadas nas reais necessidades, sonhos, hábitos e cultura do morador. Quando entendemos o cliente de forma profunda, conseguimos especificar de forma mais assertiva, elegendo as características técnicas que combinam com seu estilo de vida e com a estética buscada.
No quesito rejunte, algumas questões importantes são: Quão neurótico por limpeza é o cliente? Qual o nível de manutenção aceitável? Ele valoriza a praticidade? Quer investir no rejunte ou considera desimportante? Tem uma mão de obra especializada para isso ou não?
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Uma coisa é certa, o rejunte sempre irá encardir! É importante que a expectativa esteja alinhada ao cliente de forma que ele não espere algo irreal. Um rejunte epóxi oferecerá menor manutenção, mas se o morador é aficcionado por limpeza, o ideal é reduzir a quantidade de rejunte ao máximo optando por revestimentos maiores ou que possam ser instalados com juntas menores.
Ambiente de aplicação
Antes de especificar o rejunte, é importante definir se estamos tratando de uma área molhada ou molhável. Isso é um fator importante para determinar se a porosidade é ou não uma característica primordial.
Áreas molhadas são ambientes onde a condição de uso ou a exposição a intempéries naturais poderão resultar na formação de uma lâmina de água. Este é o caso de banheiros com chuveiro, mais especificamente, dentro da área do box. Também é o caso de varandas abertas, áreas externas e piscinas.
Já as áreas molháveis são aquelas que recebem respingos de água devido ao uso do ambiente ou à exposição a intempéries naturais, mas não o suficiente para acumular grande quantidade de água. É o caso de lavabos, cozinhas e lavanderias. Em ambos os casos, a porosidade é um fator importante, sim, na decisão.
Essa é uma questão de segurança, pois o rejunte também tem a função de proteger a argamassa e evitar danos permanentes ao revestimento pela infiltração de água. Além disso, utilizar um revestimento poroso em áreas molhadas e molháveis é um tiro no pé quando o assunto é mofo, limo e sujeira.
Se o morador puder investir, o rejunte epóxi é um dos mais indicados para banheiros e cozinhas. É claro que precisamos levar outros pontos em consideração, como o revestimento escolhido e a exposição a altas temperaturas. Infelizmente, o rejunte epóxi não é resistente ao calor, por isso, não deve ser utilizado para rejuntar churrasqueiras, lareiras e sauna, por exemplo. Também não é resistente aos raios UV, podendo ocasionar manchas em cores mais claras.
Tipo de revestimento
O revestimento existe por uma questão técnica muito importante: nem todos os revestimentos podem ser assentados lado a lado, na chamada junta seca, pois alguns materiais tendem a expandir com o calor e retrair no frio. O rejunte é o que irá preencher este espacinho da emenda, garantindo que a peça não trinque ou crie dentes.
Sendo assim, é claro que o revestimento escolhido é um fator determinante para a escolha do rejunte e sua espessura. Muitas vezes, o próprio fabricante já orienta sobre o tipo de rejunte mais indicado para aquela peça. Porcelanatos, cerâmicas, pastilhas e pedras naturais têm características distintas que precisam ser levadas em consideração para o melhor resultado técnico e estético.
Um ponto importante diz respeito ao acabamento ou textura do revestimento. Superfícies mais rugosas tendem a representar um desafio para a aplicação do rejunte epóxi, uma vez que é muito difícil remover qualquer sujeira após a aplicação. Se optar por utilizar este tipo de rejunte em uma pedra ou porcelanato natural, certifique-se de ter uma mão de obra muito boa para a instalação.