Sabemos que a construção civil é uma das atividades que mais impacta, de forma negativa, o meio-ambiente. Isso envolve desde o consumo de recursos naturais não-renováveis, água potável mas, principalmente, a geração de resíduos.
Infelizmente, esse descarte é parte do processo. Imprevistos, como quebras de revestimentos e imperfeições, acontecem a todo momento e, por isso, contamos com uma porcentagem de desperdício em todo projeto. É claro que muitos profissionais cometem um exagero na compra de materiais, mas, mesmo com uma margem de erro devidamente calculada, qualquer obra gera resíduos.
Some a isso um desenvolvimento urbano acelerado, com a demolição de diversas casas e estabelecimentos comerciais para a construção de prédios: é lixo que não acaba mais! No Brasil, por exemplo, a construção civil é responsável por 50% da geração de resíduos sólidos. Diante deste cenário, torna-se cada vez mais necessário buscar alternativas para a reutilização deste material descartado.
Neste sentido, fiquei encantada com o projeto do Instituto de Inovação Empresarial das Ilhas Baleares, na Espanha. Os arquitetos tiveram a ideia de reaproveitar resíduos de construção e demolição transformando-os em argamassa. Além da reciclagem de materiais, o produto tem diversas propriedades eco-friendly.
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A Argamassa Higroscópica é composta por 85% de cerâmica triturada reutilizada e pedra reciclada, e 15% de cimento branco de baixo impacto como liga. Este processo resulta em um material higroscópico, ou seja, capaz de reter a água do meio-ambiente. Por este motivo, a argamassa também funciona como filtro de água, regula a umidade do ambiente e tem pegada de carbono quase nula.
Como uma argamassa comum, o material inicialmente maleável, endurece com o tempo. Isso permite diversas aplicações na construção civil, incluindo como revestimento. Os pesquisadores desenvolveram três formatos que convidam outros arquitetos a utilizarem a criatividade em edificações e reformas.
Comprovando sua aplicação também no urbanismo, o projeto utilizou o material como alternativa para o asfalto em vias para circulação de pedestres, bicicletas e em áreas verdes. Por se tratar de um material feito a partir de cerâmicas, ele só não pode ser utilizado em áreas de tráfego pesado, como ruas, avenidas e rodovias.