Quando se fala de macramê, eu tenho certeza de que a primeira coisa que vem a sua cabeça é o item decorativo em forma quase triangular pendurado na parede, como esse acima e os outros que vou mostrar:
CONFIRA: CONHEÇA MÉTODOS CONSTRUTIVOS DA ANTIGUIDADE QUE AINDA SÃO APLICADOS EM PROJETOS
Acertei?
Mas o macramê é bem mais do que lindos nós combinados para desenhar uma geometria.
A arte por entre os nós de cordas, fios e malhas renderam um uso infinito do macramê, passou pela moda, decoração de casa, ourivesaria e outras finalidades. Venha conhecer a história incrível dessa arte cativante.
Há muitas especulações sobre a origem dessa arte tão rica e significativa. Começando pela palavra, o macramê vem do árabe makrama (guardanapo ou toalha) e é uma técnica 100% manual que conta somente com 2 coisas: as mãos e com o material a ser usado para a criação dos nós e franjas. O material pode ser de fibra vegetal (sendo eles sisal, algodão e linho) ou com a lã, que é de origem animal. Para uma confecção mais elaborada, usa-se o auxílio de agulhas para adicionar franjas.
Quanto ao seu local de origem, muitas são as teorias. Em representações artísticas assírias, as figuras representadas em esculturas ou pinturas já trajavam vestimentas com a técnica do macramê. Os tecelões árabes criavam as franjas para espantar insetos dos cavalos e camelos, ao mesmo tempo que os adornavam. Há outros registros também na Turquia e Egito. Os turcos, por exemplo, faziam essas franjas nas bordas de toalhas, o que explica o porque era chamado de Migramah (tramas ornamentais).
Graças aos mouros, o macramê saiu do norte da África para a Espanha e com a ajuda dos marinheiros, adeptos da técnica para uso pessoal e também como moeda de troca nos portos nos quais atracavam, o macramê foi passado de cultura em cultura, atingindo países europeus como França, Espanha e Inglaterra.
Em sua maioria as representações quase sempre são em formas geométricas.
No âmbito familiar na Inglaterra, no início do século XIX, a confecção do macramê servia de distração para mulheres, e há registros de tutoriais em livros para a criação dos nós. Os livros com essas instruções eram uma forma de manter essas mulheres dentro de casa e ocupadas, com a falsa sensação de produtividade (porque os produtos criados não eram vendidos). Com isto, o macramê foi se transformando também em um item de decoração, como caminhos de mesa, apoios para pratos e suporte de vasos de plantas.
O apogeu de sua popularidade se deu quando a Rainha Victoria apareceu trajando um belo vestido branco com a técnica deste trançado, lançando moda na realeza e ditando uma nova tendência na maneira de se vestir. Nos anos 70, durante a era hippie, este artesanato voltou com força, fazendo um revival de forma mais acessível (já que o seu valor comercial não era altíssimo como nos tempos da realeza. A Vogue, nos anos 70, lançou uma revista que era o verdadeiro guia do macramê, ensinando os nós principais e como combiná-los com determinadas roupas. Depois disto, vocês podem imaginar o que aconteceu…
Nos tempos atuais, vemos infinitas formas e finalidades deste lindo tramado. Há os adornos de parede, suporte para plantas, caminhos de mesa, berços, bancos, luminárias, jóias e até caminhas para animais!
Você animou com as mil e uma utilidades do macramê? Porque eu já e já tenho planos para eles em minha casa!
Cilla Bonfim é formada em design de interiores pela Universidade Veiga de Almeida, trabalha com modelagem 3D de produto e presta consultoria social em interiores para pessoas com baixo poder aquisitivo. Desenvolve e disponibiliza material digital gratuito para arquitetos e designers de interiores, é amante de história da arte e do classicismo contemporâneo no design.