O arquiteto e a marca se unem para apresentar a real sustentabilidade na mostra de decoração mais importante do país
A ancestralidade, a memória milenar inscrita no inconsciente dos povos, seus modos e costumes, tradições e conhecimentos, são características que se reproduzem nas histórias e se manifestam fisicamente na cultura. Seguindo esse conceito e ressignificando o uso de materiais, Gustavo Neves apresenta na CASACOR SP 2019 a CASA SUMĒ em parceria com a LG. Um espaço conectado que exalta a real sustentabilidade em todos os seus pilares: social, econômico, ambiental e no possível pilar cultural ( que preserva a herança dos antepassados e hábitos e costumes da comunidade para que os mesmos sejam valorizados).
Para a construção, Neves fez uso de dois métodos construtivos completamente ecológicos, o Straw Bale, comumente usados em construções naturais, que usa fardos de palha como elemento de vedação, tendo em vista a natureza renovável do material com alto valor de isolamento térmico, acústico e retardante ao fogo e a técnica da terra ensacada, chamada de superadobe, um processo no qual sacos de ráfia são preenchidos com solo argiloso e moldados no próprio local.
Já na entrada, o visitante consegue captar a carga emocional presente no espaço. O jardim, com plantas típicas da Caatinga, é assinado pelo paisagista Daniel Nunes e percorre toda a construção envolvida por belos espelhos d’água com borda infinita que, em diversos níveis deságuam uns sobres os outros, formando patamares em movimento. Toda a textura dos muros e algumas paredes externas são feitas com terra e resíduos gerados a partir da construção civil e representam o chão de terra craquelado do sertão brasileiro. Apenas dois elementos, a parede da fachada revestida de piaçava de vassoura e um mural de fardos de feno aparente, não foram revestidos, mostrando os materiais em sua forma original. Na entrada, duas esculturas de Fátima Campos, artista do Piauí, dão boas-vindas ao público.
Ainda no jardim, uma passarela em pedra natural brasileira da Cosentino leva a uma icônica porta feita com esculturas de ex-votos, que é o presente dado pelo fiel ao seu santo de devoção em consagração, renovação ou agradecimento de uma promessa, muito comum no nordeste brasileiro. O arquiteto utilizou 105 dessas esculturas da galeria Estação em toda extensão, que representam 105 curas.
Já na parte interna, que é toda revestida por uma textura de material mineral (terra, casca de árvore, misturado com tijolos de demolição), e chão de terra batida, uma instalação feita com madeira de resíduos de obra, recebe os visitantes na entrada, juntamente com uma escultura de Chico Tabibuia, da Galeria Estação. Há também uma obra – Presépio do artista Artur Pereira, que reforça o caráter regional do projeto.
A iluminação do ambiente se dá por rasgos no forro e na parede estrategicamente posicionados. Ao todo, três claraboias contribuem para entrada de luz natural pontuando e valorizando importantes trechos do espaço, com pequenas “aberturas” e arandelas feitas em cerâmica, desenhadas pelo arquiteto e comercializadas pela Allure. Além disso, grandes janelões contribuem para criar uma cena dramática e conceitual.
Em todo seu interior, as paredes e forros da casa são revestidas com tecido de algodão cru reciclado, como um papel de parede, que recebem textura orgânica, de uma linha de revestimentos assinadas pelo arquiteto, que será comercializada a partir de agosto. O sofá, desenho do escritório, feito em pele de avestruz (proveniente de descarte responsável) e camurça natural com apliques em bronze moldados pelo próprio arquiteto, ganha destaque com as poltronas vintage em camurça da RN Antiques, além de uma poltrona feita com couro de descarte By Kamy, junto com o tapete, da mesma marca, que é um espetáculo à parte. Feito com retalhos e início de peças nunca consumadas, o arquiteto montou a tapeçaria durante uma visita ao depósito da marca, depois ela foi tingida e, por antes serem de diferentes tons, criaram um efeito visual especial para ambiente.
A sala de jantar é integrada à cozinha. Os móveis que compõem o ambiente têm desenho do arquiteto, onde a mesa, por exemplo, em madeira fundida e bronze foi executada e fundida pelas mãos do próprio profissional. Já as cadeiras apresentam revestimentos em couro e restos de peles de coelho, elementos que já haviam sido descartados pela indústria e que, pelas leis brasileiras, não poderiam ser rejeitadas por 30 anos e que se ressignificam no espaço. Os eletrodomésticos da LG tornam a cozinha moderna, funcional.
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A luminária tem uma história super especial: suas hastes esculturais são feitas a partir de caules de palmeira que o arquiteto recolhe na rua após a chuvas que as destacam de seus troncos. Instigado pelo desenho, elas foram secas, receberam tratamento antifúngico e se transformaram num pendente incrível, onde ganharam filetes de cerâmica da Geocerâmica e duas lindas gemas de Topázio Imperial onde a luz incide.
Os armários Bontempo, com produção artesanal, são desenhados pelo arquiteto e revestido com o mesmo tecido das paredes, a marca desenvolveu os produtos especialmente para o espaço. “A Bontempo me deu total liberdade para criar e imprimir minha marca no projeto, que foi super customizado. Com eles, todas as minhas ideias foram ouvidas e executadas”, afirma o arquiteto.
No quarto, a cama tem cabeceira em madeira de descarte e base em serralheria oxidada. Obras de arte, como uma escultura de Fátima Campos e do artista polonês, ativista ambiental, radicado no Brasil, Frans Krajcberg, que têm como principal característica do seu trabalho a exploração de elementos da natureza, reforçam o conceito da sustentabilidade empregado no espaço.
Tudo que existe na casa, automação e eletrodomésticos conectáveis da LG, funcionam através de comando de voz. Destaque para o LG Styler um armário com tecnologia inteligente que faz uso de vapor de água para manter as roupas conservadas e proteger as fibras dos tecidos sem a necessidade de utilizar sabão ou detergente. Já a LG NanoCell AI TV tem alta qualidade de imagem. Com 500W de potência, o Sound Bar, modelo SK9, oferece uma experiência sonora com máximo realismo, envolvendo o usuário por todos os lados e LG Xboom Speaker WK7, a primeira caixa Bluetooth LG com Inteligência Artificial com Google Assistente também marcam presença no espaço. Arrematam a produção móveis como o banco Chica, dos irmãos Campana, além de algumas peças de mobiliário em madeira produzidos pela Arboreal e comercializadas pela Orbi. Obras de arte de Iberê Camargo 1962, instalação Meninice de Yara Dewachter, uma forma Pão de Açúcar da época dos escravos transformada em escultura para o projeto, e artistas como José Resende, Ernesto Neto, representados pela galeria Inox completam o espaço. Além disso, o arquiteto reserva uma surpresa: uma grande instalação inédita de 5,4×2,70m, chamada Pelle, assinada pela dupla de designers mais icônica do país, os Irmãos Campana.
Imagens da Casa Sumê, assinada por Gustavo Neves, para a CASACOR SP 2019.
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